PREGÃO BM&FBOVESPA

domingo, 7 de agosto de 2011

Analistas veem oportunidades nas perdas do Ibovespa



Se, por um lado, a queda de 10% do Ibovespa na semana tem gerado apreensão nos investidores, por outro lado analistas apontam oportunidades de ganhos diante da derrocada nos preços.

Com base na análise fundamentalista, Bruno Lembi, sócio da M2 Investimentos, acredita que a volatilidade irá permanecer no mercado de ações. "É a palavra de ordem para o que vai acontecer nos próximos dias", avalia.

Para ele, entretanto, a resposta dos investidores para os acontecimentos da semana foi exagerada, já que algumas empresas ainda têm ativos atraentes, como os setores de bancos e de mineração, que podem reagir ou pelo menos não sofrer tanto com as quedas do Ibovespa.

"Eles já perderam muito e têm perspectivas boas. O mercado está exagerando muito na avaliação dos papéis bancários, muito preocupado com inadimplência. Mas os índices de Basileia dos nossos bancos são melhores que dos bancos lá fora. Os controles são maiores aqui do que no mercado financeiro da Europa e dos Estados Unidos. No caso da mineração, temos recursos naturais de extrema qualidade, apesar dos problemas de logística, o custo está com margem boa", explica.

Os analistas Flavio Queiroz, Fabiola Gama e Gonzalo Fernández, do Santander, também sugerem oportunidades diante da desvalorização das ações. Segundo eles, os papéis do mercado imobiliário podem repetir a história já vista em 2009, quando os preços dos ativos valorizaram de forma significativa e rápida com a recuperação do mercado em geral.

"A maioria das empresas está atualmente negociando a um preço inferior ao seu valor de liquidação, de acordo com nossos cálculos. Em nossa opinião, mesmo em cenário de estresse, o valor de liquidação limitaria a queda no preço das ações, criando, a nosso ver, uma sólida oportunidade de entrada nos valores atuais", avaliam os analistas do Santander.

Contudo, Lembi avisa que a tendência ainda é de queda e pode durar muito tempo, mas, ao contrário do que foi propagado durante a semana, o momento não é para pânico.

"É hora de manter o sangue frio e buscar uma alternativa. O momento é de queda, mas são nessas horas que surgem as melhores oportunidades. A tendência é operar no dia a dia, com stops bem definidos", conta.

Ele usa exemplo do mercado de consumo para mostrar o lado positivo das quedas. "Se você quer comprar um carro de R$ 100 mil e daqui duas semanas ele estiver custando R$ 50 mil, você vai achar ótimo, não é? O mesmo vale para as ações", afirma.

Lembi explica que o importante é que o investidor não se deixe guiar pelo emocional e se lembre que, como um acionista, ele é "sócio" da empresa.

"Quando o Eike Batista perde dinheiro com suas empresas ele não fica desesperado. Se você coloca emoção na frente da razão vira um transtorno", comenta.


Análise técnica

De acordo com George Barros dos Santos, economista da FuturaInvest, a próxima semana deve ter um "respiro" após as fortes quedas. "Pode ser que o Ibovespa consiga recuperar parte das perdas dessa semana, mas sabemos que o mercado é dinâmico e, muitas vezes, irracional", avalia.

Ele conta que o índice perdeu um fundo importante nesta semana, por volta dos 57 mil pontos. "No longo prazo, nos próximos meses, temos espaço para buscar os 48 mil pontos e a próxima semana deve dar continuidade a esse processo de queda", afirma.

Santos aponta os problemas na Itália como um dos fatores que mais terão peso no Ibovespa na próxima semana. A economia americana deu sinais de melhora com os dados positivos vindos do mercado de trabalho, mas a notícia das últimas horas de sexta-feira (5/8) podem estremecer os mercados mundiais na segunda-feira (8/8).

Como já se especulava no mercado, a agência de classificação de risco Standard and Poor's reduziu a nota da dívida pública dos Estados Unidos, algo inédito na história.

A avaliação do crédito americano passou de "AAA" para "AA+", diante da crescente dívida e do pesado déficit no orçamento. A S&P também assinalou a "perspectiva negativa" da nova classificação.

Santos destaca o descolamento da BM&FBovespa das bolsas em Wall Street. "Isso não era comum há 2,3 anos e é muito importante, porque hoje a bolsa brasileira está mais ligada às bolsas mundiais do que apenas às americanas".

O economista também acredita que o mês inteiro de agosto será de muita volatilidade, podendo chegar a um suporte de 50 mil pontos, operar na lateral e voltar a cair.

"A tendência de baixa vem desde o início do ano e até agora a bolsa não mostrou nenhum sinal efetivo de recuperação", afirma.

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