Em linha com as especulações, a agência de classificação de risco Standard and Poor's reduziu nesta sexta-feira (5/8) a nota da dívida pública dos Estados Unidos, algo inédito na história.
A avaliação do crédito americano passou de "AAA" para "AA+", diante da crescente dívida e do pesado déficit no orçamento.
A S&P também assinalou a "perspectiva negativa" da nova classificação, enquanto fontes do governo envolvidas nas negociações apontavam falhas "profundas e fundamentais" na decisão.
A agência de classificação de risco Fitch afirmou nesta terça-feira (2/8) que o acordo de elevação do teto de endividamento mantém o risco de calote dos EUA em patamar “extremamente” baixo.
A agência de risco entende que o país, a exemplo de outras nações na Europa, precisa enfrentar duras escolhas nas áreas fiscal e orçamentária em cenário de fraqueza econômica.
"O aumento no limite de endividamento e o acordo em amplos parâmetros no plano de redução do déficit fiscal sustentam a visão da Fitch de que, mesmo com a intensidade e teatro do discurso político nos EUA, há uma vontade e capacidade de, em última instância, fazer a coisa certa", assinala a agência em comunicado.
A Fitch reconhece que o êxito obtido no Congresso americano é um "importante primeiro passo, mas não o final" do processo na direção de se implementar um plano crível de diminuir o déficit público a um patamar que garanta o status de "AAA" no médio prazo.
A elevação do limite de endividamento dos Estados Unidos não alterou “dramaticamente” a perspectiva de curto prazo do departamento de economia do banco americano Wells Fargo.
A equipe chefiada por John Silvia continua projetando um crescimento econômico reduzido com uma razoável arrancada em algumas regiões do país no decorrer do segundo trimestre de 2012.
Os economistas reconhecem que a aprovação final do acordo ajudar a reduzir um pouco da incerteza e alivia a percepção negativa gerada pela recaída no mercado de trabalho e nos gastos dos consumidores.
Fora isso, contudo, "as iniciativas do governo terão um impacto insignificante em nossas perspectivas atuais até o final do ano que vem".
Mercados
O fato do acordo no Congresso americano ter passado quase despercebido nas bolsas em todo o mundo não surpreende os economistas do Wells Fargo.
"Os mercados financeiros estão olhando para frente. E olhando para frente, o acordo sobre a dívida não altera significativamente a perspectiva para os gastos federais e para o crescimento da economia", avaliam.
A instituição nota que os EUA ainda têm boa parte dos gastos relacionados com a expansão da economia, que tende a ajudar a custear esses dispêndios.
"As agências de risco estão cientes disso e um rebaixamento da nota de crédito permanece possível", completam os economistas.
A agência chinesa de classificação de risco Dagong Global cortou o rating de crédito dos Estados Unidos de "A+" para "A".
Segundo a agência, a perspectiva da nota é negativa. Dentre os fatores que influeciaram tal medida, a Dagong destaca que o aumento do limite da dívida previne o governo americano apenas "temporariamente" de declarar default em suas obrigações e "não melhora a solvência nacional".
O Senado aporvou na véspera o projeto que eleva o teto da dívida federal em US$ 2,4 trilhões e prevê redução do déficit público em até US$ 2,2 trilhões para os próximos dez anos.
A agência de classificação de risco afirmou ainda que o impasse gerado no Congresso americano entre republicanos e democratas expôs falhas na estrutura política do país.
Além disso, a Dagong considera que o corte proposto no déficit público é baixo em comparação com o ritmo de cresimento do endividamento.
Por fim, a agência de classificação de risco acredita que o Congresso americano não apresentou uma resolução positiva de como estimular a economia, "indicando que o governo dos EUA não consegue resolver a situação de baixo crescimento econômico".
A dívida pública dos Estados Unidos atingiu 100% do Produto Interno Bruto (PIB) nesta quarta-feira (3/8), um dia após o Congresso aumentar seu limite legal, informou o departamento do Tesouro.
Segundo o relatório diário sobre as finanças públicas divulgado pelo Tesouro, a dívida federal subiu na terça-feira (2/8) US$ 238 bilhões, para atingir US$ 14,5807 trilhões, superando o PIB de 2010, de US$ 14,5265 trilhões.
De acordo com a última estimativa do governo, o PIB de 2011 encaminha-se de qualquer forma para superar esse total: a atividade da maior economia mundial no segundo trimestre foi, em ritmo anual, de US$ 15,0038 trilhões.
O Tesouro alcançou em meados de maio o teto da dívida pública, fixado até terça-feira, quando o Congresso o elevou após longas negociações, em US$ 14,294 trilhões.
Depois dessa data, o Tesouro tomou uma série de medidas técnicas para se manter logo abaixo desse limite, quitando do total da dívida federal certos elementos que normalmente devem figurar. Esses elementos foram reintegrados à dívida na terça-feira.
As cifras publicadas nesta quarta-feira confirmam o que o governo de Barack Obama dizia há vários meses: na noite de 2 de agosto, o Tesouro teria ficado praticamente sem liquidez se não fosse aumentado o teto legal da dívida.
A última vez que a dívida pública americana superou seu PIB foi em 1947 no período imediato do pós-guerra. Essa relação tinha diminuído para 32,5% do PIB em 1981.
O mercado de trabalho americano gerou 117 mil vagas em julho, acima do observado em junho e superior ao esperado pelo mercado. A taxa de desemprego recuou para 9,1%.
Os analistas estimavam a criação de 84 mil vagas no mês.
O indicador de junho foi revisado, mostrando a geração de 46 mil vagas, face a 18 mil na estimativa anterior.
Por sua vez, a taxa de desemprego ficou abaixo do observado no mês de junho, quando marcara 9,2%.
A renda por hora trabalhada avançou 0,4% no mês passado, ante variação nula em junho.
Já a média de horas trabalhadas por semana atingiu 34,3 horas, resultado em linha com o projetado pelo mercado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário