Após recuar 9,7%, o principal índice de ações da BM&F Bovespa reduz as perdas e marca baixa de 8,1% aos 48.661 pontos.
O movimento do mercado acontece no primeiro pregão após o rebaixamento da classificação dos títulos da dívida americana pela Standard & Poors.
Depois de quase chegar a uma queda de 10%, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) reduziu a queda para 6,63%, às 16h20. Nenhuma das ações que compõem o Ibovespa índice que mede o desempenho das ações mais negociadas na Bolsa opera em alta.
Em Nova York, as bolsas estão em forte queda. O índice Dow Jones cai 3,41% e a Nasdaq despenca 4,51%, às 16h22. Há pouco, o custo para segurar dívidas de bancos americanos disparou. Para Bank of America, a alta foi de 51%. Citigroup, 35% e Morgan Stanley, 30%.
A agenda de eventos dos Estados Unidos para terça-feira traz como destaque o anúncio da decisão de política monetária do Federal Reserve (o banco central dos EUA), às 15h15 (de Brasília). Ninguém acredita que o banco central elevará as taxas de juro, mas todos disseram que estarão atentos à possibilidade de um terceiro programa de afrouxamento quantitativo mais dinheiro no mercado.
Duas decisões tomadas neste final de semana tentaram aliviar as tensões dos investidores, sem muito sucesso. O Banco Central Europeu (BCE) decidiu comprar títulos da Espanha e Itália, fato que chegou a fazer as bolsas desses países subirem, mas não por muito tempo. Além disso, em reunião ontem, os países do G-20, que reúne as maiores economias desenvolvidas e emergentes, garantiram que não vão mudar suas políticas de gestão de reservas. Por ser a moeda usada nas reservas mundiais, o dólar acaba negociando numa situação que parece paradoxal. Mesmo com os Estados Unidos ameaçados, os investidores seguem comprando a moeda, que sobe.
Em Nova York, Nasdaq caía 4,07% e o Dow Jones recuava 3,03%. Segundo a CNN, as bolsas ampliam o mergulho com os novos rebaixamentos feitos pela Standard & Poor's, dessa vez para as empresas. Normalmente, quando uma agência muda o rating de crédito de um país, precisa ajustar as classificações das companhias. As gigantes de hipotecas Fannie Mae e Freddie Mac, que estiveram no epicentro da crise de 2008, foram rebaixadas.
Em relatório, o BlackRock disse que esperava o corte da nota dos Estados Unidos e que já tomou providências sobre os rebaixamentos das empresas. "Estamos preparados para contínuos rebaixamentos nesta semana de muitos ativos que derivam do rating do governo dos Estados Unidos."
As bolsas operam em baixa novamente, e as quedas começam a ficar parecidas com as da última quinta-feira, quando todos os mercados da Europa encerraram com perdas superiores a 3% e o Ibovespa fechou em baixa de 5,72%, na primeira reação mais forte de medo em relação a uma recessão mundial.
Na imprensa internacional, o noticiário trouxe temores sobre uma possível “segunda-feira negra”, em uma reedição do dia 19 de outubro de 1987, quando o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, sofreu uma queda de 22%.
Mas, ao saber do rebaixamento dos Estados Unidos, líderes de vários países dispensaram as folgas para discutir como minimizar os efeitos da notícia e tentar evitar a segunda-feira negra. Oo anunciar a compra de títulos de Espanha e Itália, o BCE limitava os declínios dos mercados. As bolsas da Espanha e da Italia subiam.
Em nota desta manhã, o Banco Fator diz que a semana será "de digestão difícil". Para a instituição, depois de cometerem grandes erros, as agências de rating parecem buscar prestígio perdido com o rebaixamento dos Estados Unidos. "A reação da China não é inteligente: chamar o déficit dos EUA de vício é como chamar o superávit chinês de incentivo ao vício", continua o banco.
De acordo com o Fator, a reação do G20 foi anunciar o óbvio: "ninguém vai vender e desvalorizar seu principal ativo de reserva". Sobre o BCE, a instituição diz que a atitude já foi vista na semana passada, com compra de papéis da Itália e Espanha. "Risco para bancos e soberanos está lá e não nos EUA (que, de resto, emitem os dólares para pagar suas contas)."
Para o banco, a posição dos EUA no centro do império não mudou: "eles ainda vão cobrar muito imposto do mundo pela senhoriagem de emitir dólares". Mesmo assim, a casa acredita que o país entrará em recessão, mesmo sem nota da S&P. As chances de isso não acontecer são pequenas e dependem de o Banco Central do País (se reúne amanhã) partir para uma terceira colocação de dinheiro no mercado.
No mercado de câmbio, o dólar opera em alta frente ao real nesta segunda-feira.
Europa
As bolsas de valores da Europa voltaram a cair nesta segunda-feira. O índice DAX-30 da Bolsa de Valores de Frankfurt despencou 5,02%. O FTSE-100, em Londres, recuou 3,39% e o CAC-40, em Paris, caiu 4,68%.
Na Espanha e na Itália, o mercado chegou a reagir ao anúncio de compra de títulos dos dois países pelo Banco Central Europeu, e abriu o pregão desta segunda-feira em alta. Mas no fechamento os índices viraram. O FTSE MIB da Bolsa de Valores de Milão caiu 2,35%. Na Espanha, o IBEX 35 INDEX recuou 2,44%.
Lideranças mobilizadas
Durante o fim de semana, as principais lideranças econômicas globais discutiram a situação do mercado, para evitar uma onda de contágio global.
Integrantes do grupo das 20 principais economias industrializadas e em desenvolvimento (G-20) disseram estar preparados para agir de forma coordenada com o objetivo de estabilizar os mercados financeiros e proteger o crescimento em meio à queda geral das bolsas asiáticas.
Os governos dos países do G-20 vão continuar em contato próximo e agir conforme a necessidade para "assegurar a estabilidade financeira e a liquidez nos mercados financeiros", diz um comunicado conjunto dos ministros de Finanças e presidentes dos bancos centrais do G-20, divulgado pelo Ministério de Estratégia e Finanças da Coreia do Sul.
Bolsas asiáticas
Em Tóquio, o índice Nikkei 225 fechou no nível mais baixo desde 17 de março. O índice caiu 2,2% e terminou aos 9.097,56 pontos. Na sexta-feira, a bolsa já havia fechado em queda de 3,72%, ainda repercutindo o pessimismo sobre a crise da dívida dos Estados Unidos e a na Europa.
Em Hong Kong, a Bolsa estendeu as perdas pelo quinto pregão consecutivo e o índice Hang Seng teve queda de 2,2%, aos 20.490,57 pontos.
Na China, as Bolsas tiveram a pior pontuação em mais de um ano, com as preocupações de que as turbulências globais poderão atingir fortemente o país asiático. O índice Xangai Composto caiu 3,8% e terminou aos 2.526,82 pontos, o pior fechamento desde julho de 2010 e maior queda diária porcentual desde novembro. O índice Shenzhen Composto baixou 4,4% e encerrou aos 1.113,37 pontos.
O yuan se valorizou em relação ao dólar, após o rebaixamento da nota dos EUA. Isso fez com que o Banco Central chinês rebaixasse a taxa de paridade central dólar-yuan para o seu recorde histórico (de 6,4451 yuans para 6,4305 yuans).
Na Coreia do Sul, a Bolsa de Seul apresentou queda pelo quinto pregão seguido, na menor pontuação em quase dez meses, com agressivas vendas por parte de investidores de varejo. O índice Kospi recuou 3,82% e terminou aos 1.869,45 pontos, o pior fechamento desde 19 de outubro de 2010 - o índice acumula perdas de 14% nas últimas cinco sessões.
A Bolsa de Sydney, na Austrália, teve a pior queda em dois anos. O índice S&P/ASX 200 baixou 2,9% e encerrou aos 3.986,1 pontos.
Bolsas no mundo
A queda nos mercados acionários começou mais cedo, em bolsas de menor expressão, e antes do anpuncio do BCE. No pregão de domingo, o primeiro dia útil em Israel, a bolsa de valores local fechou em forte baixa de 6,99%. Mais cedo, no início do pregão, a bolsa de Israel entrou em circuit breaker (quando as operações são suspensas), ao abrir os negócios despencando 6,5%.
A Bolsa da Arábia Saudita, a primeira a operar após o rebaixamento dos EUA, na sexta-feira à noite, fechou o domingo praticamente estável, em leve alta de 0,08%. No sábado, o pregão pós-rebaixamento, o mercado local havia caído 5,4%.
Nenhum comentário:
Postar um comentário