EVA (ECONOMIC VALUE ADDED)
O EVA é um indicador do valor econômico agregado que possibilita a executivos, acionistas e investidores uma nítida visão acerca da rentabilidade do capital empregado na empresa. Ou seja, mostra se este foi bem ou mal investido em termos de geração de riquezas para o empreendimento.
O poder do conceito de “Valor Econômico Adicionado” origina-se da idéia de que o gestor pode não conhecer se uma operação está realmente criando valor, levando-se em conta o custo de oportunidade de todo o capital utilizado. Na maioria das operações internas das companhias, não se tem idéia de qual ou de quanto é o valor agregado pelas mesmas.
Assaf Neto et al (2002, p. 61) comentam que EVA é uma marca registrada nos EUA, no Brasil e em outros países, de propriedade da empresa de consultoria Stern Stewart & Co., sendo empregado como um sistema amplo de gestão de empresas baseada no conceito de valor econômico agregado.
Esses autores listam quatro abordagens distintas para o EVA:
a) EVA – formulação contábil do lucro líquido: a determinação do EVA acontece com a dedução do valor pago para remunerar os recursos captados dos acionistas, também conhecido como capital próprio. Por esta abordagem considera-se que os juros pagos na captação de recursos alheios (capital de terceiros) já foram abatidos das receitas como despesas financeiras, originando o lucro líquido;
b) EVA – formulação contábil do lucro operacional: nesta concepção o cálculo do EVA realizado com a subtração dos valores que remuneraram os recursos captados junto a terceiros, bem como o capital próprio, do lucro operacional (ou NOPLAT[1]);
c) EVA – formulação financeira do RROI: o cálculo do EVA considera, por este enfoque, a aplicação do percentual do RROI (residual return on investment) sobre o total dos recursos captados (investimento total). O RROI, segundo tais autores, é o “spread entre a taxa de retorno de uma empresa (ROI) menos o seu respectivo custo de capital.”;
d) EVA – formulação financeira do WACC: é o enfoque mais tradicional de obtenção do EVA deduzindo-se do lucro operacional (NOPLAT) a parcela resultante do WACC (sigla de Weight Average Cost of Capital, que expressa o custo médio ponderado do capital, ou o custo de oportunidade da empresa obtido pela ponderação dos custos dos capitais próprios e de terceiros).
[1] O acrônimo NOPLAT, em inglês, refere-se a Net OPerating Less Adjusted Taxes.
Para calcular o EVA é necessário saber o custo do capital (de terceiros e de acionistas), que é dado pela taxa que a empresa paga na obtenção de recursos. Deve-se levar em consideração bases realistas, quando for apurado o custo do capital, isto é, a taxa de retorno obtida pelos acionistas, caso investissem em outra empresa do mesmo ramo, porte, nível de risco etc. Se a empresa estiver utilizando capital próprio e de terceiros, para obter o custo total do capital, deverá calcular a média ponderada de ambos e, depois, determinar o investimento de capital que fez nas operações (máquinas, veículos, capital de giro, pesquisa, treinamento etc). O custo do capital é dado pela fórmula:
Custo do Capital = Capital total (Passivos + Patrimônio Líquido) x Taxa de captação do capital
Supondo que uma empresa possua capital total (Passivo + Patrimônio Líquido) de R$ 200.000,00 constituídos por 30% de capital emprestado a juros de mercado (a 45% ao ano) e 70% de Patrimônio Líquido da empresa, com taxa de retorno (TIR) desejada pelos acionistas de 25% ao ano, o custo do capital seria de:
Capital total (Passivo + Patrimônio Líquido) = R$ 200.000,00
Taxa de Captação do Capital = 31% [(30% x 45% juros) + 9,70% x 25% TIR )]
Custo do Capital = R$ 62.000,00 (R$ 200.000,00 x 31%)
Para calcular o EVA, baseado no exemplo acima e, supondo que o lucro líquido, após a dedução dos impostos, seja de R$ 65.000,00, subtrai-se o Custo do Capital (R$ 62.000,00). Neste caso, sobraram R$ 3.000,00, o que significa que a empresa obteve EVA positivo, ou seja, gerou riqueza aos acionista. Caso contrário, as operações da empresa estariam destruindo a riqueza dos mesmos.
De forma resumida, propõem o cálculo do EVA através da equação EVA = A – B, onde (A) é o lucro líquido operacional real da companhia, menos os impostos pagos e (B) o custo de todos os capitais empregados no ano (capitais de terceiros e próprio). Ainda segundo esses autores, a partir do cálculo do EVA, que representa o momento atual na avaliação global do negócio, os analistas obtêm uma radiografia realista do desempenho da companhia. Ou seja, serão capazes de medir se é pertinente a companhia empregar determinado nível de capital (próprio e de terceiros), avaliando se este capital rende mais do que custa para ser captado.
Kassai et al (2000, p. 195) aduzem que o cálculo do EVA (lucro líquido após remunerar inclusive o capital próprio), baseado em relatórios contábeis, pode ser sintetizado conforme expresso no quadro 1.
Quadro 1 – Cálculo do EVA
Patrimônio Líquido da Empresa (PL) 40.000
Custo do Capital Próprio (Ke) 18%
Lucro Líquido contábil 21.000
( - ) Custo do Capital Próprio (PL X Ke) 7.200
= EVA 13.800
Fonte: Adaptado de Kassai et al (2000).
Após o cálculo do EVA, o gestor deve analisar a pertinência do resultado obtido. Conforme o caso, pode encetar iniciativas no sentido de aumentar a riqueza gerada pelas operações, ou seja, aumentando o EVA.
Dentre as ações que podem ser utilizadas para aumentar o EVA podem ser relacionadas:
a) tentar lucrar mais sem usar mais capital: reduzir custos e cortar gastos, elevando o faturamento aproveitando as oportunidades de mercado e necessidades dos clientes;
b) usar menos capital nas operações: revisar procedimentos, despesas e custos ligados a ele;
c) investir capital em projetos de alto retorno: utilizar todo ou parte do capital de forma extremamente sensata.
Partindo-se do princípio de que a empresa está inserida em um projeto que visa proporcionar EVA positivo, os administradores poderão saber, através deste, se estão criando ou destruindo a riqueza dos acionistas e produzindo valor adicional para a organização. Neste sentido, elencam razões para o uso do valor econômico adicionado. Porém, salientam que estas variam de empresa para empresa:
- o EVA trata os interesses dos acionistas e da administração do mesmo modo, encorajando-os a agir como donos ou investidores;
- é de aplicação e entendimento facilitados;
- se adequa às iniciativas para melhorias das operações, pois o sucesso requer melhoria contínua do EVA;
- tem correlação com o valor de mercado superior a qualquer outra medida de desempenho operacional;
- une-se diretamente às expectativas do investidor através das melhorias visadas pelo EVA;
- enfoca o desempenho em longo prazo usando um banco de bônus (recompensa, incentivo) e objetivos predeterminados de melhoria;
- fornece uma linguagem comum para medida de desempenho, apoio à decisão, compensação e comunicação, aplicável a todo tipo de empresa.
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