PREGÃO BM&FBOVESPA

terça-feira, 26 de julho de 2011

O QUE O PEQUENO E MÉDIO INVESTIDOR DEVERÁ APRENDER COM A CRISE




Atravessamos um período em que a palavra CRISE tomou conta dos cadernos de economia, das reuniões empresariais, dos meios de comunicação e, de modo geral, da agenda dos executivos e investidores em todo o mundo. Em qualquer canto do planeta discute-se a crise, sua origem, suas consequências e provável tempo de duração.


Alguns “especialistas”, que ironicamente não conseguiram prever a chegada da mesma, se atrevem ainda a fazer medições de sua profundidade e projetar premissas, as mais diversas, sobre a crise econômica no planeta.

 Exatamente neste ponto gostaria de recordar das reportagens, ainda bem recentes, sobre o sucesso da economia, publicadas nos principais meios de comunicação; das citações sobre a evolução nos ganhos de aplicações financeiras e bolsa de valores; das projeções empresariais falseadas em premissas com grau de extravagante otimismo prometendo lucros fantásticos aos investidores.

 Havia, até mesmo, um acentuado grau de unanimidade entre os consultores de aplicações financeiras que profetizavam ganhos deslumbrantes em termos de “Market Value Added”, ou seja, ganhos em termos de valor adicionado de mercado.

 Os níveis de ganhos projetados constituíam um verdadeiro descalabro para aqueles que, mantendo uma atitude mais conservadora de risco, aplicavam suas economias em uma conta de poupança ou simples fundos de investimento em troca de um rendimento bem menos significativo.

 Enquanto os aplicadores mais otimistas “visualizavam” ganhos acima de padrões regulares os seus consultores de investimento agregaram lucros reais originados pelas receitas de serviços de suas proféticas orientações financeiras.

De repente o sonho acabou! A chamada bola de cristal se rompeu; e ai foi necessário demonstrar à verdade em termos de uma avaliação mais efetiva considerada a estrutura patrimonial e de resultados das empresas, bancos e instituições financeiras, objeto de aplicações.

 Nesse momento os investidores receberam uma informação muito significativa qual seja: os seus investimentos realizados estavam lastreados em ações integrantes do capital social de empresas que não agregariam valor algum aos detentores de fatias do referido capital; empresas que seriam classificadas como verdadeiras destruidoras de valor aos seus acionistas. Empresas cujo Patrimônio Líquido seria destruído se provisionadas as perdas imputáveis em suas operações de crédito ou moeda estrangeira.

 Em sucessivos pregões, consideradas apenas algumas semanas, estes investidores descobriram que todas as suas reservas, resultante da economia de muitos anos ou de uma vida de restrições e sacrifícios tinham desaparecido, em alguns casos, quase que totalmente, ficando alguns apenas com um simples valor residual em mãos.


Exatamente neste momento eu gostaria de analisar a questão considerada três vertentes ou ângulos de visão:

a) Em primeiro lugar a figura dos especialistas em aplicações financeiras que sempre arrumarão uma boa desculpa para se eximir de culpa pelo fracasso financeiro das empresas que, na realidade, apresentavam balanços não condizentes com a realidade do ponto de vista patrimonial, bem como de apuração de resultados;

 b) Em segundo lugar a figura dos membros de Conselhos de Alta Administração, Diretores Executivos e Conselheiros Fiscais, responsáveis pela aprovação de balanços apresentando resultados superavaliados, subestimando, por exemplo, o cálculo de provisões para perdas na liquidação de ativos operacionais, decorrentes de contas a receber ou de aplicações financeiras;

 c) Em terceiro lugar a figura dos Auditores que não utilizaram técnicas mais sofisticadas para medição do grau de perdas prováveis em face da fragilidade dos valores de aplicações financeiras ou outros recebíveis, considerados em muitos balanços como um componente patrimonial significativo. Operações envolvendo contratos em moeda forte, sem qualquer proteção cambial, isentos de provisão para cobertura de eventuais perdas, detonariam, em curto prazo, os resultados operacionais de todo um exercício contábil.
Passada a primeira fase da tempestade e, medidos os seus estragos, começa agora uma nova fase em que se discute, por alguns até com um acentuado grau de otimismo, a recuperação das perdas já realizadas. É interessante ouvir na mídia, algumas projeções profetizando-se em alguns casos uma espécie de santíssimo milagre em que teremos de volta as perdas do desastre econômico em médio prazo.

 De qualquer forma, o que os investidores deverão aprender desta “crise econômica”, serão alguns ensinamentos importantes, destacando-se:

a) Aprender que: se alguém tivesse, de fato, receitas milagrosas de bolso não as venderiam em troca de uma pequena comissão por serviços prestados;

b) Aprender que um contrato de serviços desta natureza deveria prever uma cláusula de risco para recuperação de eventuais perdas quando identificada a falta de critérios ou aplicação prévia de técnicas mais sofisticadas de análise;

 c) Aprender que a primeira recomendação a ser lembrada quando de uma decisão de investimento se refere exatamente à diversificação nas formas de aplicação, devendo-se optar sempre por formas alternativas de investimentos. Investir utilizando apenas um único banco, fundo ou perfil de investimento ou, seguir a orientação de apenas um consultor ou corretor é outro fator que deve ser evitado;
d) Aprender que devemos adotar como Política ou regra fundamental de conduta e ação, a aceitação de um ganho médio ponderado, mesmo que menor expressão a fim de serem evitados riscos de porte mais significativo. Uma atitude equilibrada em termos de risco seria, portanto, o mais recomendável;

e) Aprender que além dos consultores de investimento devemos pesquisar com muito cuidado o histórico comportamental – considerado prazos mais relevantes - de cada natureza de investimento a ser realizado em ações de empresas ou formas alternativas de aplicação de nossas economias;

 f) Aprender que os modismos deverão ser cuidadosamente analisados antes de uma decisão que envolva um nível de investimento considerado mais relevante, evitando-se tomar decisões por impulso ou de forma precipitada;
g) Aprender que, quando na posição de pequeno ou médio investidor, não terá força suficiente para poder vencer as poderosas “organizações” especializadas em “jogar no mercado de capitais” transformando-o em um pequeno participante sem chances de obter uma remuneração mais razoável em suas aplicações;

 h) Em síntese, entender que uma aplicação é um “negócio financeiro” onde na maioria das vezes a combinação ganha - ganha pode ser prejudicada dado à sua fraqueza política e econômica além da carência ética de algumas organizações ao redor do mundo.

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